Deixe-me apresentar, sou Roberta Pimentel

Uma gastróloga de formação. No entanto, minha paixão pela gastronomia começou muito antes dos meus estudos acadêmicos. Ela nasceu na minha infância, quando eu ainda era uma criança curiosa, ansiosa para descobrir como preparar uma infinidade de receitas. Essa paixão remonta qualquer outra que eu possa lembrar - até mesmo aquela pela boneca chamada Bia, que eu carregava para todos os lugares quando era criança!

Me atrevo a começar essa viagem com a minha avó materna. Ela era uma verdadeira artista das bolachas, transformando a cozinha em seu estúdio e os biscoitos em suas obras-primas. Lembro-me de observá-la, enquanto ela me orientava a usar grãos de feijão para criar os olhos dos bonequinhos no formato de deliciosas bolachas. Ah, o aroma desses biscoitos recém-assados pairavam como nuvem mágica sobre a pequena cozinha da casa onde eu cresci.

Recordo também do dia em que meus pais precisaram sair correndo durante o almoço devido a um problema de saúde da minha mãe. Meu pai então decidiu me colocar à prova com um desafio culinário: fazer um "carreteiro" - prato tipicamente gaúcho à base de arroz e carne. A única reviravolta cômica foi que eu era tão pequena que mal conseguia ver por cima da panela, quanto mais cozinhar! Resultado: meu irmão foi obrigado a enfrentar um arroz tão grudado que ficou conhecido como "Arroz Unidos Venceremos".

Com o tempo, melhorei minhas habilidades na cozinha, tornando-me a cozinheira oficial dos lanches da tarde. Meu irmão era meu cliente mais fiel e exigente, pedindo crepes doces ou salgados sob medida, dependendo do seu apetite. Dali em diante evoluí para as tortinhas de maçã, pipocas cobertas com uma generosa camada de calda de chocolate e até passei pelos bolos quentinhos e fofinhos. A única coisa que não cresceu foi meu pão, literalmente! Lembro-me da primeira tentativa de fazer um pão que, em vez de crescer, ficou mais parecido com um disco voador cinza e solado. Hoje sei que matei meu precioso fermento usando água quente em vez de morna. Pobre pão!

E falando em família, meu pai não era exatamente um mestre na cozinha, mas nas Sextas-Feiras Santas ele se transformava no chef tomado de fé, preparando seu famoso peixe recheado, com cebolas, tomates e pimentões assados no forninho. Ele também dominava o cardápio das festas de final de ano e suas frutas decoravam a mesa, aguardando o Papai Noel e a queima de fogos, como se elas também estivessem comemorando.

Minha outra grande fonte de inspiração é a minha avó paterna. Ela é a rainha dos doces e sobremesas, famosa por seu pavê e pudim. Esta senhora domina a arte de produzir o doce de abóbora, lindamente cortado em cubinhos, com uma casquinha durinha e brilhante irresistível. Eu poderia comer isso até o fim dos tempos. Ah, e para os dias chuvosos ou para aqueles em que decidimos fingir que está chovendo, ela nos surpreende com seus bolinhos de chuva. Essas bolinhas douradas e sequinhas, cobertas com açúcar e canela, são uma verdadeira festa para o estômago e o coração!

Cozinhar é minha paixão, minha terapia e a melhor parte é poder criar laços, sorrisos e memórias enquanto me aventuro na descoberta de novos sabores. A criança curiosa que descobriu a paixão pela gastronomia ainda vive em mim, sempre determinada a descobrir novos lugares e sabores pelo caminho. Convido a todos a compartilhar não apenas refeições e roteiros de viagem, mas também a minha hospitalidade e a minha alegria pela comida neste capítulo chamado Cozinha com Passaporte.